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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

comigo morreu


A menina do 61 tinha certeza que não dividiria seus dias com mais ninguém, alias, nem conseguia e até achava bom. Já havia se acostumado com a solidão e era reciproco. Agradecia os dias em que o sol beijava seu rosto e era suficiente. De noite olhava a lua e a admirava, era só e brilhava sem esforço.


      Um dia uma carta passou por de baixo da porta, interrompendo sua solidão diária. No dia seguinte, a mesma coisa e assim os dias seguiram até ela achar que todo dia era dia de carta. Os papeis lhe faziam companhia e ela foi se acostumando com a presença daqueles envelopes regados a meninices.

Mas um domingo a carta não veio. Mas na segunda veio e ela se sentiu melhor.
No outro domingo a carta não veio, nem na segunda, só chegou terça...
 Depois, nem domingo nem segunda nem terça...
E a cada semana perdia-se mais um dia de carta. Até que não vieram mais.
Se ela chorou ou não com isso, pouco importa, o que interessa mesmo é saber que hoje a menina do 61 sabe que a vida é uma sucessão de solidões interrompidas.

6 comentários:

  1. ....todo mundo tem um pouquinho da menina de 61....
    Liiiiinnndo...amei!!!!!!

    ...Menina de 52.............

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  2. Nossa amiga, esse foi pra mim hahaha. muito eu!

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  3. A pura verdaadee!
    Texto incrível :)
    Além de ser uma atriz ótima -> Diva, é também uma ótima escritora!

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  4. Amei seu texto!! Aliás, amei seu blog, é ótimo!!
    E vou aproveitar pra te dar os parabéns pela sua personagem Bia (:
    O seriado está muito legal, quando ouvi falar dele, imaginei que seria uma coisa pra criança, mas gostei demais!

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  5. Nossa, você faz textos tão profundos, queria ter metade do seu talento!

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