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domingo, 15 de dezembro de 2013

Nu com a mão no bolso (que geralmente não tem muito dinheiro)

Depois de recusar o terceiro trabalho que eu teria de ficar pelada, conclui: não sou mais criança, agora sou uma mulher que tem peitos e vagina que contam histórias maduras e profundas... Apesar de poder contar nos dedos a quantidade de nus frontais masculinos que eu já vi no áudio visual.. Vai ver pênis não sabe contar história...
Não sou contra o nu. Mas acho que ele tem que servir a história, tem que ser parte dela , como no exemplo mais recente que assisti, "tatuagem" de Hilton Lacerda ( que por sinal, há nu se todas as espécies e gêneros) o nu esta no filme assim como o filme esta no nu é elemento essencial, é uma personagem, é uma questão.
Agora, vai me colocar pelada no seu filme pra dar mais realismo, vai fazer um plano detalhe da minha contadora de história e colocar o ator de costas, vai fazer um plano com meus peitos saltando no colo do espectador enquanto no plano aberto meu corpo exposto cobre o órgão não contador de histórias do cidadão... Não, muito obrigada, sou pudica, sou careta, sou retrógrada e coxinha, sou o que você quiser me chamar. Mas não conto histórias pelada se poderia contá-las de roupa ou de uma maneira menos explícita.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Aqui, não!

Meu post de hoje começa em São Paulo. externa,.rua. dia:
 "Noooossaaaa" "psiu, psiu" "gostosa" e derivados.... (Estou falando aqui da famosa "cantada de pedreiro" embora eu tenha certeza de que esses "lindos dizeres" 99% das vezes nao venham de pedreiros... E sim de homens, em geral.)
Estava calor, tinha um copo de suco de frutas vermelhas na minha mão, um homem me chamou de gostosa, eu parei e... Calma, já conto essa historia, primeiro quero fazer uma breve introdução..
Quem me conhece sabe que eu tenho pouca tolerância a esse tipo de "poesia" e tambem que sou dotada de um gênio digamos...especial.  Assim aos 15 nos descobri uma tecnica infalivel, juro, nunca falhou... Quando escuto alguma dessas cantadas eu faço questão de parar, identificar o sujeito, ir até ele, olhar profundamente em seus olhos como os meus olhos impiedosos e perguntar "falou comigo?" "oi?" "o que que voce disse?"...Mulheres do meu BRASIl, eu vos digo, esse é meu relato: 100% das vezes, toda testosterona, toda coragem, toda "machesa", todo desrespeito, se esvai em segundos, eles não tem coragem de olhar nos meus olhos, eles se envergonham de tal modo que quase saem correndo, eles pedem desculpa... porque  até os mais machistas sabem que aquilo é inaceitável, que aquilo nao é elogio, que aquilo é violência, opressao... Quando você mulher diz "chega"... Eles param... 
Talvez eu tenha dado sorte, talvez eu não tenha encontrado um louco, talvez algum dia possa ser agredida.. Talvez... Mas também já me sinto agredida..
Volto ao início do post... Hoje estava calor...estava com um copo de suco na mão, ouvi 3 cantadas, todas de covardes que estavam em carros ou motos, e por isso a minha técnica nao funciona pq eles tem pra onde correr mais rápido que eu quando o sinal abre... Me sinto impotente...
Na quarta cantada, dei "sorte" o carro ainda estava parado, olhei nos olhos do meu agressor, tirei a tampa do meu copo de suco, o rosto dele ficou pálido, ele entendeu o que ia acontecer, o sinal abriu, ele se foi, meu ódio ficou. Depois disso, estava disposta a jogar toda minha raiva de suco de frutas vermelhas na cara do próximo idiota que se atrevesse a falar alguma coisa pra mim, queria que ele se sentisse impotente, desrespeitado, queria ferir a honra dele, queria que ele falasse pra um amigo "cantei uma mulher na rua e a louca me jogou suco na cara" "você não fez nada?" Perguntaria o amigo e ele diria "não consegui".... 
Minhas queridas, segue aqui mais um relato: eu estava pronta, olhava sedenta por vingança dentro de todos os veiculos que passaram por mim...eu tinha certeza que eu chegaria em casa com o copo vaziu e alma lavada, mas pra minha surpresa, todos os homem desviaram o olhar de mim... Era só meus olhos enfurecidos cruzarem por um segundo os deles... E ele entendiam o recado "aqui, não!" Vi palavras serem engolidas a seco..Andei 2k sem ouvir nada... Cheguei em casa, Despejei o suco na pia, mas a alma estava lavada... Não precisei tirar a honra de ninguem pra dizer: Aqui senhores "donos da rua", há consequência, aqui não tem medo de reação, de palavras,  ou até de força bruta, aqui, não! 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O que te mantém vivo?

Dos preferidos

E foi mesmo na frente da igreja que a vida de Antônio deu uma volta medonha, pois no que viu Karina, seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas sua boca não ouviu e beijou Karina bem ali, no meio da praça, e a boca de Karina não disse não, e nem poderia, pois estava muito ocupada.
(A máquina - Adriana falcão)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Entre a brancura e Clarice.


Acordei de madrugada desejando ter um vestido branco. E seria de gaze. Era um desejo intenso e lúcido. Acho que era a minha inocência que nunca parou. Alguns, bem sei, já me disseram, me acham perigosa.
Mas também sou inocente. A vontade de me vestir de branco foi o que sempre me salvou.
Sei, e talvez só eu e alguns saibam, que se tenho perigo tenho também uma pureza. E ela só é perigosa para quem tem perigo dentro de si. A pureza de que falo é límpida: até as coisas ruins a gente aceita. E têm um gosto de vestido branco de gaze. Talvez eu nunca venha a tê-lo, mas é como se tivesse, de tal modo se aprende a viver com o que tanto falta. Também quero um vestido preto porque me deixa mais clara e faz minha pureza sobressair. É mesmo pureza? O que é primitivo é pureza. O que é espontâneo é pureza. O que é ruim é pureza? Não sei, sei que às vezes a raiz do que é ruim é uma pureza que não pôde ser.
Acordei de madrugada com tanta intensidade por um vestido branco de gaze, que abri meu guarda-roupa. Tinha um branco, de pano grosso e decote arredondado. Grossura é pureza? Uma coisa sei: amor, por mais violento, é.
E eis que de repente agora mesmo vi que não sou pura.
(Clarice Lispector – 1968)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Desabroca

Já sentiu isso?
O tamanho do mundo, o ar que existe.
Respirar baixinho pra nao explodir os pulmões
Essa imensidão toda dentro de um telefone
Já sentiu isso?
Medo de mar. Da vontade de pular perto das pedras.
Será que da?
Já ouviu isso?
Esse som que te chama, desse zumbido que parece que diz sim
Dessa música que é nossa escrita pra outro
Já viu isso?
Essa voz de trovão embebida de culpa
Desse raio mortal que ilumina
Já sentiu isso?
Cheiro de alguém que vem pelo vento.
Da maquiagem do morto
Da história que você faz questão de contar
Daquele batom que eu perdi no casaco do paletó de alguém
Você entende isso, não?
Meu Deus, como é escuro aqui.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova York; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
Paulo Mendes Campos

sábado, 2 de novembro de 2013

e(m) fim

Escolhi uma profissão linda, conto historias. Todas tem inicio meio e fim.  Sou feita de ciclos. De convivências intensas. De famílias mutáveis. De intimidades trocadas. De outras vidas. Vive-se em dobro nessa tal de profissão, mutuamente, do lado de lá o tapa é melhor, quanto mais se proseia no bar do lado de cá..
A despedida é inevitável, reflete o quão humano é isso tudo.
é fim, é recomeço, sempre deixa saudade.

Escolhi uma profissão generosa, conto historias que contam historias em mim.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Insensibilidade de minha parte.

Terminei o livro.
 Imediatamente peguei outro que estava a espera de ser lido, senti seu cheiro, era mais doce que o terminado a pouco.  É incrível como páginas e tinta tem cheiros tão distintos, assim como seu conteúdo. Abri a primeira página, li. A conexão foi imediata. Sorte a minha.
Pensamento terrível.
Um peso caiu sobre mim; substituí o falecido em questão de segundos e coloquei um desconhecido em seu lugar. Sem digerir seu fim, sem processar tudo que passamos no ultimo mês. Sem nem ao menos um dia de despedida e abstinência.
Traí  um livro.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

da janela

Da juventude embriagada com sua liberdade. invejo. a poesia da libido fácil, as curvas das possibilidades, a sensualidade das noites.


nasci velha.
morri aos 18.
cade essa tal de vida eterna?

domingo, 6 de outubro de 2013

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

CEP

parei pra pensar em mim. 
muitas perguntas
todas fruto do meio...meio de caminho, que dizem, é preciso trilhar pra se chegar lá..
"lá"?
que "lá" é esse meu Deus?
"lá" é o lugar onde disseram que é bom... não pode ser bom pra todo mundo esse tal de "lá"
Meu lá é outro, só volto "aqui" quando "lá" não for mais o "chegar"
(h)A Deus.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

...........................................

o frio na barriga que da.... quando o lapis vai encostar pela primeira vez na pagina branca...
Só coracoes vivos entendem...

terça-feira, 30 de julho de 2013

3 leis

Vou começar uma nova série de post chamada: 3 leis.
A cada dois meses vou me estipular 3 "regras" (irrevogáveis, pelo menos nesses 2 meses) buscando ser um ser humano menos pior, mudar hábitos que eu considero ruins pra mim e pra humanidade e etc,coisas simples e até idiotas, mas que pra mim faz todo o sentido...
as minhas 3 primeiras leis:

1- Não reclamar do tempo- posso comentar ( de preferencia não em redes sociais ou elevador),mas não posso reclamar! 
Por um mundo onde as pessoas não reclamem que esta muito calor no calor ou frio no frio. 

2- Não falar mal do corpo de ninguém- do mais magro ao mais gordo- nem comentar eu posso, só elogiar (verdadeiramente, é claro). Pensamentos maldosos também estão abolidos, se possível.
Por um mundo com mais amor próprio.

3- beber água sempre que me oferecerem ou abrir meu e-mail- assim fica mais fácil de lembrar de beber água.
Por um corpo hidratado!


é isso!
hey ho let's go

sexta-feira, 26 de abril de 2013

o juntador de palavas
juntou algumas na janela da menina
e descobriu que dava samba

mais tarde
descobriu que dava lucro
e que o lucro comprava, pão, água, sombra e iate

hoje junta palavras em pacotes de biscoito...

sempre há alguém esperando palavras na janela
sempre há alguém comendo biscoito

tudo é uma questão de escolha
sempre há "questão"
sempre é "escolha"







terça-feira, 26 de março de 2013

perdido nas páginas do caderno.

te amei muito tempo em silencio...mas se quer saber, gosto assim.
Beijo inventado é sempre beijo de cinema.

segunda-feira, 25 de março de 2013

é torcer pra não se afogar

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. Fernando Pessoa

quinta-feira, 21 de março de 2013

a culpa é das bonecas de pano


Bela ela.
Mas não está feliz com seu nariz, só porque aquela atriz, diz, que não da pra ser feliz, sem os remendos que quis, então encarou os bisturis e agora tem uma cicatriz.
Que ninguém vê. 
Mas esta lá. 
Pra lembrar que pele não é pagina de revista.

quarta-feira, 13 de março de 2013

hiatos

Eu te amo entre as frases desperdiçadas durante o dia. Nas pausas. No pensamento da resposta que dou sem pensar, já que não escuto, te amo. No possível silencio da cidade.

religare


Os céus me falam através das taboas.
Das vozes quietas que precedem o ato.
Meu corpo, meu templo.
Tem seu melhor louvor atrás do véu que cai, abre, sobe.
Oração, feita pelos pés.
Herege. Prostituta. Minha alma adoece.
Calma menina, são só homens.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

queria falar de amor - essa fala me assombra.

"Essas violentas alegrias tem fim também violento, falecendo no tempo, como pólvora e o fogo, que num beijo se consomem. O mel mais doce é repugnante por sua própria doçura, seu sabor confunde o paladar. portanto ama com moderação; o amor duradouro é moderado. O vagaroso como o apressado, atrasam-se do pouso." (Frei lourenço- Romeu e Julieta)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

insignificantes


Era noite recém chegada de uma quinta feira escaldante. Não tinha quase ninguém no posto policial. Girei meus lápis num apontador velho...maldito apontador velho... Limpei dos meus dedos os vestígios de grafite causados pela incompetência do apontador na blusa. Tenho certeza que quando eu chegar em casa a Lara vai reclamar das marcas... vai dizer “Você faz de propósito, da próxima vez você que vai esfregar essa droga!”. Preciso comprar uma maquina de lavar... Melhor que ouvir grito de mulher... ou devia comprar uma mulher nova...sei lá...maquina não engorda...queria mesmo era um apontador novo. Nove e meia. Um homem angustiado chega e corre até minha mesa. Ele esta completamente pálido, me lembra um cadáver, também me lembra que ontem me olhei no espelho e tive essa mesma impressão vendo meu próprio rosto que não vai a praia ha 2 anos, preciso de férias. Voltei ao homem, respirando com dificuldade ele colocou a mão no peito e com a voz tremula relatou:
- Roubaram meu tempo!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013