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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Você
meche
comigo.

Era isso que eu queria dizer.

Bagunça. Faz redemoinho. Você meche comigo.

Tudo
Meche
Comigo
Inclusive... .... ... ... você

Voce meche mesmo comigo. De VERDADE.

Eu sou rio.
Você toca,
deixa
pétala
de flor                       
 .
 .
 .
.

 cair                                                                                                    e reverbera.



                           Do outro.                                      LADO. Na outra margem.

Você
Meche

Com meu rio. 
Vê onda sua na superfície.
E acha que domina a correnteza
Mas nem suspeita que no fundo há corpos mortos trazido por sereias. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

poema ressurreto

Eu já sei do meu tamanho menino,
é gigante
Daqui, de onde te vejo,
Você é mosca
Rondando minha carne, achando que é onça.
E vamos falar de tamanho então
Do teu,
Parece mar, poça d’água.
Ganhei olhos de calma.  Córneas de razão. Retina de consciência.
E essa tua aparente grandeza
Já não me engano

É pequeneza esperneada 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

poema suicida

Meu corpo que é mar cristalino aos homens maus
Troveja quando você passa.
Eu sei,
Menino,
Vai por fogo na minha alma
Destruir cada pedaço da minha carne
Vomitar pelas latas de lixo lotadas do centro da cidade, cada gota do meu sangue,
Vai beber meus olhos salgados, servidos gratuitamente em bandejas de sarjeta,
Arrancar meu sorriso com as laminas enferrujadas do teu leite
Serrar meus abraços
Comer em baldes meus perdoes
Secar minha saliva no tapa
Diluir minha coragem na sua própria urina
Mas
Não se engane rapaz
Eu sei quem sou,
Discípula do suicídio
me atiro,
presa em cordas de desejar
no meio do céu da tua boca.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

eu, que já não sei como amo.. não sei mais como escrevo, nem se escrevo..


um dia eu volto...


e será irreconhecível.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Sabe, eu choro bastante e que me desculpem os homens que carregam lenços dentro de seus bolsos, não é fraqueza...
Sou mulher, não fui criada para parecer forte, fui criada para ser forte... E por isso as imagens me tocam, as palavras me doem, de verdade me fazem escorrer e isso é virtude, é enfrentamento é transição e estado de presença... Não há fuga para que o aguar não me invada, não preciso de fugas...já que Inundar-se de nada tem vulnerável, inundar-se é permitir-se agir com o coração... E agir com o coração é coragem....
Sem água não há vida...e posso lhe afirmar, eu tenho ela em abundância dentro do peito, correndo dentro, bem dentro, e de tanto ,há de se por pra fora...
e estou em paz com isso.

domingo, 8 de maio de 2016

Não tinha escrito nada sobre nosso fim...
só no agora está presente...
só pelo canto das musas..
já te vejo passado...

ADEUS, QUERIDO

terça-feira, 26 de abril de 2016

sobre a existência desse texto

Se eu sentisse menos, teria menos dores de barriga, menos infeções urinárias, vomitaria menos e ficaria menos doente...

Se eu sentisse menos, nãos sentiria tanta culpa e não revisitaria incansáveis vezes as palavras ditas e as raras não ditas... se eu sentisse menos me resguardaria mais...

Se eu sentisse menos, meu sangue não borbulharia em dias frios e eu gritaria menos nas ruas, e lutaria menos em batalhas já perdidas e ficaria menos rouca...

Se eu sentisse menos, choraria menos andando pela rua e dentro dos ônibus da cidade, aliás, não me tremeria algo dentro do peito quando passo no centro ou perto daquele restaurante, ou daquela loja, ou daquela farmácia, cinema, escritório, porta, calçada, poste, Teatro, rodovia, fabrica, estacionamento, parque, bairro, esquina, rua, placa, muro, portão, arvore, favela, barraco, sobrado, prédio, casa, casinha, casebre... se eu sentisse menos, guardaria menos histórias e se eu sentisse menos, definitivamente seria menos ridícula....

Mas eu sinto e parece que por milhões... sempre urgente... e pulsando... cotidianamente nua e descalça e sangrando e marcando o chão em cada pisar...

Se eu sentisse menos quando encontrasse vestígios sangrentos em lugares aparentemente novos, não experimentaria o gosto vermelho, só pela curiosidade de saber se esse sangue é meu.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

ADULTOS

Vladimir Maiakovski

Os adultos fazem negócios.
Têm rublos nos bolsos.
Quer amor? Pois não!
Ei-lo por cem rublos!
E eu, sem casa e sem tecto,
com as mãos metidas nos bolsos rasgados,
vagava assombrado.
À noite
vestis os melhores trajes
e ides descansar sobre viúvas ou casadas.
A mim Moscou me sufocava de abraços
com seus infinitos anéis de praças.
Nos corações, nos relógios
bate o pêndulo dos amantes.
Como se exaltam as duplas no leito do amor!
Eu, que sou a Praça da Paixão, (1 )
surpreendo o pulsar selvagem
do coração das capitais.
Desabotoado, o coração quase de fora,
abria-me ao sol e aos jactos d’água.
Entrai com vossas paixões!
Galgai-me com vossos amores!
Doravante não sou mais dono de meu coração!
Nos demais - eu sei,
qualquer um o sabe -
O coração tem domicílio
no peito.
Comigo
a anatomia ficou louca.
Sou todo coração -
em todas as partes palpita.
Oh! Quantas são as primaveras
em vinte anos acesas nesta fornalha!
Uma tal carga
acumulada
torna-se simplesmente insuportável.
Insuportável
não para o verso
de veras.


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

teu poema não publicado

Se eu soubesse dos seus estragos menino
Terremoto de frestas pequenas
Com fumaça de encanto na boca
Te conhecer hoje, sabendo que ontem a gente já não ia ser
Da vida livre de sapatos amarrados
Meu querer dilatado em migalhas
Do pó de lençol que me entope o nariz
Do teu peso que me dói as costas
Se eu soubesse que não seria, teria ido mais fundo
Cavocado o peito, meu peito
Descoberto esses moveis de petróleo
Sairia rica

De mim.