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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Prosa sobre a saudade

Tinha a barba grisalha, mãos grandes e um nariz engraçado que o dava fisionomia de boa gente... Era alto e esguio, talvez meio desengonçado, mas essa estranheza certamente vinha com um charme escondido.
Era o homem mais doce do bairro...
Sentava-se em sua cadeira, tirava do bolso e pousava sobre o peito o que deveria ser uma carteira comum, exceto pelo fato de que ao invés de dinheiro e cartões, só enxergavam-se milhares de papeizinhos prensados um atrás do outro. Olhando por cima dos óculos que estavam apoiados no meio do nariz engraçado, fitava aqueles pequenos papeis e, com seus dedos magros e ágeis apesar da idade, passava aquelas teias de fibras uma por uma diversas e diversas vezes durante horas e horas à procura de algo que acho que nunca encontrou.
Era o homem mais doce do mundo...
Estava sempre com calça e camisa social, tinha um suspensório e uma caneta escondida no bolso. Minto. Não era só a caneta, ele sempre tinha algo escondido no bolso, não sei como fazia, mas sempre fazia e, quando eu era menina e tinha lagrimas nos olhos ele tirava um papel do bolso mágico e dizia:
- Olha menina, esta aqui uma pequena lista de coisas que mostram porque você é especial.
Ele era o homem mais doce na minha vida...

4 comentários:

  1. Que coisa linda, Sam! E vc, com certeza, era responsável por grande parte dessa doçura linda dele!
    Beijos

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  2. saudade maquiada em prosa fica um algo assim, emocionante.

    lindo, Sam.

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  3. Lindoo! E emocionante! =D

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